segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Que seja doce !!!


Então, que seja doce.
Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias.
Bem assim: que seja doce.
Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo.
Repito sete vezes para dar sorte: que seja doce, que seja doce, que seja doce, e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder.
Que seja doce o dia quando eu abrir as janelas e lembrar de você.
Que sejam doces os finais de tardes, inclusive os de segunda-feira – quando começa a contagem regressiva para o final de semana chegar.
Que seja doce a espera pelas mensagens, ligações e recadinhos bonitinhos.
Que seja (mais do que) doce a voz ao falar ao telefone.
Que seja doce o seu cheiro.
Que seja doce o seu jeito, seus olhares, seu receio.
Que seja doce a leveza que eu sentirei ao seu lado.
Que seja doce a ausência do meu medo.
Que seja doce o seu abraço.
Que seja doce o modo como você irá segurar na minha mão.
Que seja doce. Que sejamos doce. E seremos, eu sei.
Caio Fernando Abreu

domingo, 7 de novembro de 2010

I Can See Clearly Now !!!!

I can see clearly now, the rain is gone,
I can see all obstacles in my way
Gone are the dark clouds that had me blind
It’s gonna be a bright (bright), bright (bright)
Sunshinning day.
I think I can make it now, the pain is gone
All of the bad feelings have disappeared
Here is the rainbow I've been prayin’ for
It’s gonna be a bright (bright), bright (bright)
Sunshinning day.
Look all around, there's nothin' but blue skies
Look straight ahead, nothin' but blue skies
I can see clearly now, the rain is gone,
I can see all obstacles in my way
Gone are the dark clouds that had me blind
It's gonna be a bright (bright), bright (bright)
Sunshinning day.
Jimmy Cliff

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Prece


Meu Deus, não sou muito forte, não tenho muito além de uma certa fé- não sei se em mim, se numa coisa que chamaria de justiça-cósmica ou a-coerência-final-de-todas-as-coisas. Preciso agora da tua mão sobre a minha cabeça. Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir. Que eu continue alerta. Que, se necessário, eu possa ter novamente o impulso do vôo no momento exato. Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém. Livra-me dos poços e dos becos de mim, Senhor.Que meus olhos saibam continuar se alargando sempre.
Caio F. Abreu


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Segundo tempo


Vamos admitir: estamos no mesmo time. Nós que tanto erramos, acertamos, suamos durante dias e noites, viramos madrugadas, nós que fazemos falta (Tanta falta!). Haja amor para tanto treino! Nós que comemoramos vitórias, que torcemos pelo outro, você que acelera meu coração em segundos, eu que faço você perder a linha com um só toque, me responda: pra que tanta regra? A vida também tem juiz? Ah, por favor. Me deixa te abraçar na hora em que seu olhar me tirar o fôlego. Pode existir escanteio, mas não existe reserva. Não gosto de jogar na defesa, não quero ninguém em meu lugar, não admito táticas e técnicas, não me venha com bola fora, não me faça perder o juízo (ele que já anda perdido). Meu passe é livre, eu vou pra onde eu quero, mas quero com você. Bola minha? Sorte sua! Já que ganhou uma vez, leva tudo. Mas leva mesmo. Eu não sou troféu, eu não gosto de jogar. Mas se for preciso, viro sua adversária só para trocar a camisa.
Tempo esgotado.
Vai querer ou vai correr?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Vamos nos permitir...

Eu vejo a vida
Melhor no futuro
Eu vejo isso
Por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste
Em nos rodear...
Eu vejo a vida
Mais clara e farta

Repleta de toda
Satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão...
Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...
Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não, não, não...
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir...


Tempos Modernos - Lulu Santos


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Distancias...




isso de todo dia
um poema
ainda vai
me levar ao romance

vale a palavra
quanto pesa a pena
o que vale são os dois
olhos no lance


um qualquer instante
um jeito de olhar
um peso bastante
difícil de carregar

isso de todo dia
uma prosa
ainda vai me levar
a reinventar a roda
toda fragrância é cor,
concomitante rosa

todo flagrante,
um grito parado no ar
de você e eu distantes
:
disto,
não sei falar
...

Flávio Jacobsen




sábado, 16 de outubro de 2010

Para se amar mais ...

Por Eugenio Mussak
Revista Vida Simples


Há relacionamentos que nascem com data para terminar. Não seria lógico, nesse caso, criar um mecanismo de proteção?
As relações, quando começam, nunca prefixam o seu fim, ainda que a lógica pareça insistir para que isso se faça. As relações que valem a pena, não são as eternas, são as infinitas. Foi Vinicius que nos alertou, falando do amor:
"Que seja imortal, posto que é chama; mas que seja infinito enquanto dure".
Ser infinito não é ser eterno, é ser intenso, integral, forte.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Feliz dia das Crianças!!!


The FUTURE depends on
what we do in the PRESENT.

O futuro depende daquilo
que fizemos no presente.
Gandhi

Para as Crianças !!!


Toda criança ama uma guloseima. Por isso, ai vai uma receita infalível.

Brigadeiro de colher

Campeão de audiência em todas as festinhas, agrada adultos e crianças. Praticamente, sem ele não tem festa. Esta receita de brigadeiro é a conta certa para você não deixar de festejar!


Ingredientes
1 lata de leite condensado
1 colher (sopa) de margarina
4 colheres (sopa) de chocolate em pó
1 lata de creme de leite
Chocolate granulado e confeitos coloridos para salpicar

Preparo
Coloque em uma panela o leite condensado, a margarina e o chocolate em pó, misture e leve ao fogo mexendo sempre até que comece a engrossar. Retire do fogo e misture o creme de leite. Coloque em potinhos ou tacinhas espere esfriar e decore com os confeitos e granulado.



quarta-feira, 6 de outubro de 2010

E hoje eu desejo...


Desejo que a sua vida inteira seja abençoada, cada pequenino trecho dela, em toda a sua extensão. Que cada bênção abrace também as pessoas que ama e seja tão vasta que leve abraço a outros tantos seres, sobretudo àqueles que mais sofrem, seja lá por que sofrem. Desejo que os nós que apertam o seu coração sejam gentilmente desatados e que os sentimentos que os formaram se transformem na abertura capaz de criar belos laços de afeto. Desejo que o seu melhor sorriso, esse aí tão lindo, aconteça incontáveis vezes pelo caminho. Que cada um deles crie mais espaço em você. Que cada um deles cure um pouco mais o que ainda lhe dói. Que cada um deles cante uma luz que, mesmo que ninguém perceba, amacie um bocadinho as durezas do mundo.Desejo que volte para o seu mar quantas vezes forem necessárias até encontrar o seu tesouro. Que quando encontrá-lo, não seja avarento. Que descubra maneiras para compartilhar a sua felicidade, o jeito mais gostoso para se expandir a riqueza. Desejo que quando os ventos da mudança ventarem mais forte, e sentir medo de ser carregado junto com tudo o que parecerem arrastar, você já conheça o lugar onde nada pode arrastá-lo. Que já saiba maneiras de respirar mais macio, quando as circunstâncias lhe encurtarem o fôlego. Que, com o passar do tempo, a sua alma se torne cada vez mais maleável, mas que seja firme o bastante para nunca desistir de você.Desejo que tudo o que mais lhe importa floresça. Que cada florescimento seja tão risonho e amoroso que atraia os pássaros com o seu canto, as borboletas com as suas cores, o toque do sol com seu calor mais terno, e a chuva que derrama de nuvens infladas de paz. Desejo que, mais vezes, além de molhar só os pés, você possa entrar na praia da poesia da vida com o coração inteiro e brincar com a ideia que cada onda diz. Que, ao experimentar um caixote ou outro, não se arrependa por ter entrado na água, nem desista de brincar. Todo mundo experimenta um caixote ou outro, às vezes um monte deles, quando se arrisca a viver. O outro jeito é estar morto. O outro jeito é não sentir.Desejo que não tenha tanta pressa que esqueça de colher estrelas com os olhos nas noites em que o céu vira jardim, e levar para plantar no seu coração as mudas daquelas mais luzentes. Que tenha sabedoria para encontrar descanso e alimento nas coisas mais simples da vida. Que a cada manhã a sua coragem acorde bem juntinho de você, sorria pra você, e o convide para viverem uma história toda nova, apesar do cenário aparentemente costumeiro. Que tenha saúde no corpo, saúde na alma, saúde à beça.Desejo que encontre maneiras para se fazer feliz no intervalo entre o instante em que cada dia acorda e o instante em que ele se deita pra dormir, porque a verdade é que a gente não sabe se tem outro dia. Que quanto mais passar a sua alma a limpo, mais descubra, mais desnude, mais partilhe, com medo cada vez menor, a beleza que desde sempre você é. Que se sinta livre e louco o bastante pra deixar a sua essência florir.
Não importa quanto tempo passe, não importa onde eu esteja, não importa onde esteja você, abra os olhos pra dentro e ouça: o meu coração estará dizendo esta mesma prece de amor para o seu. Amor incondicional, exatamente como neste instante. Não importa o quanto a gente mude, o quanto a distância aparente nos afastar, isto que sinto por você, eu sei, não muda nunca mais.





Ana Jácomo

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Anote ai...


Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza.
Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude.
Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa.
Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.
Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!
Martha Medeiros

domingo, 3 de outubro de 2010

Vamos celebrar...


Eu gosto de andar pela rua bater papo, de lua e de amigo engraçado
Eu gosto do estilo do Zorro o visual lá do morro e de abraço apertado
Eu gosto mais de bicho com asa mais de ficar em casa e mais de tênis usado
Eu gosto do volume, do perfume do ciúme, do desvelo e do cabelo enrolado
Eu gosto de artistas diversos de crianças de berço e do som do atchim
Eu gosto de trem fora do trilho de andar com meu filho e da cor do marfim
Tem gente, muita gente que eu gosto que eu quase aposto que não gosta de mim
Eu gosto é de cantar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar...
Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar...
Vamos celebrar
Eu gosto de artista circense de artista que pense e de artista voraz
Eu gosto de olhar pra frente de amar pra sempre o que fica pra trás
Eu gosto de quem sempre acredita a violência é maldita e já foi longe demais
Eu gosto do repique do atabaque do alambique badulaque do cachimbo da paz
Eu gosto de inventar melodia da palavra poesia e de palavra com til
Eu gosto é de beijo na boca de cantora bem rouca e de morar no Brasil
Eu gosto assim do canto do povo e de tudo que é novo e do que a gente já viu
Eu gosto é de cantar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar...
Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar...
Vamos celebrar
Eu gosto de atores que choram ali por nós e namoram ali por nós na TV
Eu gosto assim de quem é eterno de quem é moderno e de quem não quer ser
Eu gosto de varar madrugada de quem conta piada e não consegue entender
Eu gosto da risada gargalhada da beleza recriada pra que eu possa rever
Eu gosto de quem quer dar ajuda e acredita que muda o que não anda legal
Eu gosto de quem grita no morro que a alegria é socorro e que miséria é fatal
Eu gosto do começo do avesso do tropeço do bebum que dança no carnaval
Eu gosto é de cantar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar...
Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar...
Vamos celebrar
Eu gosto é de ver coisa rara a verdade na cara é do que gosto mais
Eu gosto porque assim vale a pena a nossa vida é pequena e tá guardada em cristais
Eu gosto é que Deus cante em tudo e que não fique mudo morto em mil catedrais
Eu gosto é de cantar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar...
Vamos celebrar
Vamos celebrar, celebrar, celebrar...
Vamos celebrar
Oswaldo Montenegro

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Feliz eleição pra você!!!


Faltam apenas alguns dias para a eleição. Provavelmente você, assim como eu, já está cansado das propagandas eleitorais veiculadas diariamente na TV, dos milhares de panfletos que te entregam na rua, no trabalho, na faculdade, de emails com propostas, de placas com as caras de candidatos a cada 5 metros, de gente tentando te convencer a votar nesse ou naquele cidadão.
Apesar de estar completamente saturada de eleição, confesso que ainda hoje assisti, como em todos os outros dias, os programas partidários, li os emails que recebi, acessei sites de candidatos, tudo isso em busca de opções que me fizessem acreditar que meu voto possui de fato, algum valor. Às vezes me pergunto o que esses candidatos têm na cabeça... Se é que possuem cabeça. E alma, que é muito mais importante! Logicamente que estou generalizando. Mas é tanta promessa absurda, tanta propaganda bizarra, tanto gasto com campanha, tanto material que será descartado já que não existe qualquer intenção de reaproveitá-los, que eu me pergunto: existe saída para o povo brasileiro?! Chegamos ao absurdo de achar corriqueiro dinheiro em cuecas, meias, mensalões, propinas. Os casos de corrupção aumentam a cada semana. E num dos vários momentos de reflexão, debates políticos com colegas, horários eleitorais, eu pude concluir que nossos representantes são a caricatura escarrada do povo que os elege. Sim. A culpa é toda sua! É toda nossa! A corrupção está presente em todos os níveis de convívio social. Acontece quando você imprime sua apostila do cursinho no trabalho, quando não devolve o troco que lhe deram a mais por engano, quando passa itens no supermercado embaixo do carrinho, quando fala ao celular dirigindo, quando estaciona na vaga destinada a deficientes, quando joga lixo pela janela do carro ou a bituca do cigarro no chão, quando constrói sua casa em cima da areia de frente pro mar. Poderia citar exemplos durante um dia inteirinho ou até mais. Eu – que ando na linha, você – que está acima de qualquer suspeita, sua mãe – que sempre foi um exemplo, seu pai – que é seu herói, seu namorado – lindo de morrer, sua esposa – dedicada ao extremo, seus filhos – inofensivos – todos nós somos corruptos, tanto quanto essas criaturas que tem o dever de nos representar. Eles têm feito muito bem o papel que lhes é confiado. Não, eles não atuam. Eles são como nós: povo brasileiro que busca uma saída, quase como um milagre pra solucionar os problemas da vida diária. Por que você acha que o brasileiro não vai para as ruas clamar por justiça? Por que não pinta a cara e grita que deseja mais honestidade?? Falta moral..Você tem inúmeros problemas..te falta dinheiro, férias, transporte, comida de qualidade. Eles têm tudo isso, mas não estão satisfeitos. Querem mais dinheiro, uma casa na praia, o carro do ano, poder. Então o que esperar dessa gente?!
O que eu espero de um candidato é que ele seja mais GENTE. Mas gente do tipo cidadã. Que cumpre com deveres e obrigações. Que respeita os direitos alheios: das pessoas, mas sem esquecer os direitos dos animais, das florestas, do ar e da água. Eu quero um representante que seja gente solidária. Que dê um espaço no trânsito. Que faça trabalho voluntário. Que se dedique à causas sociais. Que proteja as crianças. Gente educada, que saiba dar a vez aos mais velhos, deficientes e gestantes. Gente que não reclame o dia todo do Sistema Único de Saúde, mas que cuide dos seus hábitos, que pratique atividades mais saudáveis, que não se automedique, que não faça uso de drogas de forma indiscriminada, que escove os dentes corretamente, que não acumule água nos seus quintais, que plante arvores na frente de casa, que aprenda a importância das ervas para a cura de muitos males. Quero um representante que dê valor a educação de qualidade, e que tenha estudado, por favor! Porque são os eleitos que criarão as leis que serão aplicadas no nosso dia-a-dia e isso, gostem ou não, exige o mínimo de conhecimento. Quero gente menos egoísta. Que pare de pensar somente nos seus bens e no que pode adquirir com o famoso jeitinho brasileiro. Quero um representante que não consiga dormir tranquilamente sabendo que existem crianças com fome, velhos com frio, gente sem teto, sem higiene e sem amor. Quero gente preocupada com desenvolvimento sustentável, com planos diretores que visem um crescimento voltado para a conservação do meio ambiente, com educação ambiental já na educação infantil, porque é nessa fase que se aprende que existem lixeiras pra se colocar o lixo e que o consumo exacerbado maltrata nosso planeta. Quero um representante que pare de enfiar o nosso dinheiro na cueca, que devolva a carteira que achou na rua – com o dinheiro dentro, que não faça gatos de luz e TV a cabo, que não compre o voto de ninguém, que não utilize a desgraça alheia para beneficio próprio. Agentes públicos, como os nossos governantes, tem como motivo, finalidade e competência, o bem da coletividade. Se desejamos governantes honestos, sejamos primeiro. Sejamos exemplo! Porque tudo isso que desejo para os candidatos que sairão vencedores dessa eleição, desejo a todos nós, cidadãos. Você não pode cobrar respeito se não sabe o que isso significa na prática. Antes de votar no domingo, reflita sobre suas atitudes. Vá e vote, mas volte pra casa com a intenção de ser um ser humano mais digno, de ser mais gente, porque isso sim, não tem preço.
Desejo a todos, votos de feliz eleição, porque você pode até pensar que é inútil ou muito chato sair de casa para escolher alguém que te represente, mas eu sonho com o dia em que essa data será como qualquer outra comemorativa, porque ainda teremos, de fato, motivos de sobra para comemorar!


Por Sabrina Schneider

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Água Salgada/Sagrada

Por: Gustavo Otto
O que nos faz continuar?
Não vale nota
Não vale brindes
Não vale prêmios
Não vale dinheiro
Não vale aplausos de multidões
Não nos torna famosos
Mas, mesmo assim, lá estamos
Remando que nem loucos
Tomando séries na cabeça
Levando vacas
Passando sufoco
Arriscando a vida
Caindo em mares bons e ruins
Pelo simples prazer
De surfar ondas
Do contato com a água salgada/sagrada
E de lá estar
Remar que nem louco
Tomar séries na cabeça
Levar vacas
Passar sufoco
Arriscar a vida
Manter a saúde
Do corpo e da mente
Só pode ser por tudo isso
Que continuamos surfando
Livremente
Sempre que Deus nos permite
Só pode ser por tudo isso também
Que a maioria de nós
Não cansa de repetir
Mesmo que em pensamento:
Obrigado, Senhor.


(Fonte:http://surf4ever.wordpress.com/2008/08/08/%c2%bb-agua-salgadasagrada)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Tenha Fome Seja Louco


Eu queria que não fosse dificil ter coragem suficiente para ser louco ou ser seguro o bastante para buscar algo que talvez você nunca atinja. Ainda assim, sei que a verdadeira alegria não está na conquista, mas na luta. E boa parte da luta reside em deixar o passado para trás. Esta é a única maneira de mudar; evoluir; de se tornar o que você está destinado a ser. Meu pai sempre dizia: "Tenha os pés leves e esteja pronto para dançar. O mundo gira rápido demais para você ficar parado. Apaixone-se pela mudança."


Trecho do livro Jogue fora 50 coisas de Gail Blanke

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sama Bhava: Viver em Equlíbrio

Alguém que diga que não pode passar sem isso e que tem horror àquilo é um joguete das circunstâncias. Quando possui ou desfruta as coisas que “adora”, está feliz. Quando lhe faltam, fica triste e ansioso. Quando consegue estar distante e protegido contra aquelas coisas que “detesta”, se sente bem. Quando não, adoece. Uma pessoa assim só conquistará sua mente e se sentirá realizado, quando desenvolver Sama Bhava (bhava, atitude psíquica; sama, igual). Só assim conhecerá satisfação, contentamento, equilíbrio e equidistância dos opostos da existência. É condição de maturidade. E, reciprocamente, gera maturidade. À medida que, por outros meios, a mente vai sendo conquistada, o homem vai deixando de ser um vinculado e um frágil, vai atingindo sama bhava ou equanimidade; vai triunfando sobre a dança das circunstâncias externas e ficando invulnerável, imperturbável, independente, incondicionado aos acontecimentos que lhe escapam ao controle.
O homem vulgar em sua imaturidade adoece dos nervos, porque é extremado tanto no sofrimento como no gozo.
Quando as coisas são favoráveis, o sol brilha, o mundo sorri, os amigos o estimam, há aplausos, lucros, saúde, tudo vai de “vento à feição”, ele exulta, goza, festeja, dança, ri e chega até a ficar generoso e confiante.
Quando, no entanto, sobrevém o desfavor da sorte, quando há chuva miúda ou cerração escondendo o sol, se os amigos se afastam ou falham, quando recebe críticas e censuras e sabe de calúnias, se o filho vai mal na escola ou o movimento da bolsa é ruim, entrega-se ou ao abatimento ou à revolta; o desalento então cava-lhe rugas na testa e “brechas na alma”. A personalidade imatura não conhece meio-termo entre gargalhadas e lágrimas, desvarios de prazer e gemidos de dor, satisfações de orgasmo e pranto de desespero. Pessoas assim, levadas ao sabor das tempestades emocionais, precisam aprender a equanimidade dos sábios, que não se perturbam quando o destino lhes tira dos lábios a taça de mel e, em troca, dá uma de fel.O sábio sabe que na vida há noites frias e quentes, dias trágicos e venturosos sins e nãos, saciedades e fomes, berços e esquifes, vitórias e derrotas, lucros e perdas, portas que fecham e portas que se abrem. O sábio não se deixa perturbar nem pelo dulçor nem pelo amargor dos frutos que lhe são dados. Não chora demais nem ri sem medidas. É sereno. É equânime. É igual. É invulnerável aos opostos.

Trecho do Livro Yoga para Nervorsos - Hermógenes

domingo, 26 de setembro de 2010

Tocando em frente


Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe,
Eu só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder seguir
É preciso chuva para florir
Sinto que seguir a vida
Seja simplesmente
Conhecer a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Cada um de nós compõe
A sua própria história
E cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
De ser feliz
Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
(Almir Sater)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Consumoterapia



Atire a primeira pedra quem nunca afogou as mágoas ou celebrou uma vitória se dando um presente, em geral, algo desnecessário, quase inútil. Comprar é o esporte predileto do planeta. “Quando começou a comprar almas, o diabo inventou a sociedade de consumo”, zombava o jornalista Millôr Fernandes a respeito do consumismo exacerbado.
A revista Mad Magazine resumiu numa frase de um artigo recente a atitude dos americanos: “A única razão por que uma família de classe média não possui um elefante em seu quintal é porque esse ‘produto’ nunca foi ofertado nos supermercados numa promoção vantajosa”.
Piadas à parte, o maior problema é quando se busca aí a solução para angústias. “Comprar não resolve questões da alma”, analisa Beth Furtado. Mas consumir acabou virando sinônimo de prazer, concorda Vera Rita de Mello Ferreira, professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), que estuda o comportamento dos indivíduos na sociedade do consumo. “Diante das frustrações, a gente se socorre num vestido novo, apostando que ele possa aliviar nossas dores. Ao não encontrar aí a felicidade, vem um desapontamento maior.”Vestidinho, tela plana, viagens, comida – varia o objeto, mas fontes de satisfação provisória podem se tornar um vício. O remédio? Uma trabalhosa dose de autoconhecimento que dissolva essa ilusória busca de alívio.
VAI VIRAR
A desaceleração econômica, o arrocho do crédito, o desemprego, o mercado em queda... Uma ala significativa dos analistas concorda que do prejuízo sempre se pode obter lucro. Eles põem fé de que todas essas perspectivas que toldam o horizonte representam oportunidades. E trazem a reboque um consumo mais consciente. Na França, por exemplo, intelectuais como o sociólogo Gilees Lipovetsky estão saudando a recessão no setor de artigos de luxo, que, para eles, perverteu a cultura nacional. Outros estudiosos fazem coro: quando o mercado financeiro está bombando, as pessoas não têm pudor em ostentar e o dinheiro e seus delírios tomam conta da cena. Comprar se apresenta como alicerce para uma falsa segurança. Quando o orçamento aperta, somos obrigados a olhar para outros aspectos da vida.
Para a psicanalista Vera Rita, autora do livro Psicologia Econômica – Estudo do Comportamento Econômico e da Tomada de Decisão (editora Campus/ Elsevier), tais problemas podem conter uma força agregadora. “É a chance de rever conceitos com que convivemos há décadas como se fossem naturais e inevitáveis. A estabilidade causa acomodação e engessa o pensamento. Perdemos a capacidade de olhar por outras perspectivas”, diz ela. Nem os otimistas se atrevem, no entanto, a apostar que a vida vai ficar fácil. O que faz brilhar os olhos da psicanalista é a incrível criatividade que seremos obrigados a descobrir: “A mente só se desenvolve sob pressão”, insiste Vera, e comemora antecipadamente o fim da inércia. Outras fontes de satisfação já despontam no horizonte: o ser humano vai se alimentar, por exemplo, da energia do encontro. Dedicar mais tempo aos amigos e à família torna-se uma nova forma de consumo. Ficar em casa, em vez de sair em busca do restaurante da moda, é uma das opções de uma vida pontuada por prazeres que não implicam excessos. Surge um modelo de compra diferente: ao mesmo tempo em que se busca o preço justo, investe-se em produtos que ofereçam gratificação emocional. Vamos descobrir que viver com menos pode render uma vida mais plena. É a escolha do pouco e bom.
Não se trata da frugalidade absoluta. O consumo muda, mas os desejos continuam se multiplicando – ninguém quer adquirir um produto que dure para sempre. A variedade continua atraente. “Somos seres mutantes, especialmente as mulheres, grupo que define a compra – o feminino é efervescente, inquieto. Não há nada de errado com isso. A coisa só fica ruim quando serve de desculpa para dilapidar, desperdiçar, desvalorizar”, lembra Beth.
VOCÊ DECIDE
De um lado, fusões, aquisições, conglomerados trabalhando em grande escala para atender àquela parcela da população que ainda está carente de tudo e apenas se inicia nos confortos que o consumo propicia. De outro, a segmentação em nichos, num estilo de marketing mais barato, que acontece via internet e está focado nos desejos e necessidades de cada um dos incontáveis tipos de consumidor. É o conceito da cauda longa, criada em 2004 pelo jornalista Chris Anderson, editor-chefe da revista americana Wired. A produção de massa cede espaço para o que chamamos de customização massificada, pois as pessoas querem ser singulares apesar de o mundo estar cada vez mais plural.
Por Duda Ramos - Revista Bons Fluidos

terça-feira, 21 de setembro de 2010

No dia da árvore, uma homenagem a elas!

No hemisfério sul, o dia 21 de Setembro prenuncia a chegada da primavera, no dia 23, estação onde a natureza parece recuperar toda a vida que estava adormecida pelos dias frios de inverno.
No Brasil, carregamos fortes laços com a cultura indígena que deu origem a este país; um deles é o amor e respeito pelas árvores como representantes maiores da imensa riqueza natural que possuímos. Os índios também utilizavam este período para iniciar a época de plantio, organizando-se pelo calendário lunar.
Confirmando o carinho e respeito pela natureza, no Brasil, em 24 de fevereiro de 1965, formalizou-se o dia 21 de Setembro como o Dia da Árvore - o dia que marca um novo ciclo para o meio ambiente.



Poema sobre uma árvore
Tu tão pequenina lançada na terra.
Lançada por um passarinho
Ou talvez ainda por uma rajada de vento.
Em um espaço tão imenso…
Sozinha, escondida
Sentia o calor do Sol
As gotas de chuva.
Percebia o dia e a noite.
Ansiosa, crescia e crescia…
Conseguia admirar o dia
Percebia a energia do Luar!
Crescia e Crescia…
Começava a despontar.
Ser o que antes não era…
Ou que era não visível,
Agora visível…
Crescia e crescia…
Agora já adulta
Gigante!
Adubada pelo carinho da terra,
Floresce e floresce…
Nos abençoa com vossos
Frutos doces…
Com suas flores coloridas…
nos presenteia com um perfume intenso, delicioso.
Enche-nos os olhos
Com vossa majestosa
Beleza…
Ah! Quanta coisa
Tens a me contar…
Tanto durante o dia,
Quando me esconde do Sol
Quanto durante a noite de intenso luar.
Ah! quanta energia tens a me doar!
Grande és tu Oh!
Magnífica
Suas folhas e sua copa
Verdes a Brilhar
No Sol ou nas noites, com
Ou sem Luar!
Graça por vossa existência
Mãe Árvore a ti quero homenagear!

Luna Alcântara

Feliz por nada!!!

Geralmente, quando uma pessoa exclama “Estou tão feliz!”, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo.
Há sempre um porquê.
Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Digamos: feliz porque ainda temos longos meses para fazer de 2010 um ano memorável.
Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque se achou bonita. Feliz porque existe uma perspectiva de uma viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há melhor lugar no mundo do que sua cama.
Esquece.
Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo?
Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho? Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros.
Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência.
Felicidade é ter talento para aturar, é divertir-se com o imprevisto, transformar as zebras em piadas, assombrar-se positivamente consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem. Se quiser ser mestre em alguma coisa, tente ser mestre em esquecer de você mesmo.
Liberte-se de tanto pensamento, de tanta procura por adequação e liberdade.
Ser uma pessoa adequada e livre – simultaneamente! – é uma senhora ambição.
Demanda a energia de uma usina.
Para que se consumir tanto? E tempo esgotado para o questionário de Proust, essa mania de ter que responder quais são seus defeitos, suas qualidades, sua cor preferida.
Chega de se autoconhecer! Você já está aqui, já tem seu jeito, já carimbou seu estilo e assumiu que é um imperfeito bem intencionado.
Feliz por nada talvez seja isso.
Martha Medeiros - Revista do Globo - 25/04/2009



É mais corajoso quem não tem medo de voar pelo mundo ou quem aguenta ficar dentro de si?

domingo, 12 de setembro de 2010

Comida de Verdade

Mandamentos para você simplificar suas compras e identificar de vez quais são os alimentos mais saudáveis.
Por Marcia Bindo - Revista Vida Simples
Corredores compridos e bem iluminados comportam prateleiras empanturradas, com cartazes coloridos despencando do céu. Um labirinto de produtos (são mais de 8 mil itens!) para nos alimentar. No carrinho prateado, um pacote com o meu café-da-manhã: leite desnatado e/ou reconstituído, preparado de morango (água, morango, amido modificado, corante natural carmim-cochonilha, acidulante ácido cítrico, conservador sorbato de potássio, edulcorantes artificiais, ciclomato de sódio, aspartame e acessulfame de potássio, aromatizante e espessantes, goma xantana e goma guar) açúcar, leite em pó desnatado, amido modificado, fermento lácteo e estabilizantes gelatina e pectina. A minha avó Dora diria que é comida de astronauta ou algo vindo de outro planeta. Mas é apenas um potinho de iogurte de sabor morango. O próprio supermercado lembra uma nave espacial para Dorinha, acostumada que era com os mercadinhos que vendiam apenas... comida. Simples, fresca, dava para reconhecer logo de cara do que se tratava.
Foi a partir dos anos 50 que os supermercados passaram a substituir feiras e mercearias país afora, agrupando a enxurrada de produtos que a indústria alimentícia desenvolveu para facilitar a nossa vida. Enlatados, congelados, empacotados, pratos semiprontos e processados surgiram para agilizar o preparo da refeição e dar conta de alimentar a população. Uma maravilha da tecnologia. Acontece que, no meio de tantos novos produtos que surgem a todo instante, perdemos a noção do que é de fato mais saudável.
Para desvendar os mistérios de um supermercado, desbravamos suas prateleiras com a ajuda de nutricionistas, especialistas em alimentação e até designers dessas redes de varejo – e descobrimos a seguir os mandamentos que podem revolucionar suas próximas compras.
1 Coma comida (ou evite o que a sua bisavó não reconheceria como alimento)
Trocando em miúdos: é muito mais interessante para sua saúde ingerir alimentos frescos e integrais, a boa e velha comidinha caseira, do que processados e industrializados. Por isso vale lembrar a época de nossos bisavós (ou até tataravós) e recuar no tempo há pelo menos 80 anos, numa época em que não havia tantos produtos para comer empacotados. Por quê? Bem, é que hoje existe uma penca de outras substâncias comestíveis com aparência de comida, como explica Michael Pollan em seu livro Em Defesa da Comida. O jornalista americano – e o mais recente guru da alimentação – fez uma extensa pesquisa sobre a mudança de comportamento alimentar ocidental nas últimas décadas. Colunista de gastronomia do New York Times, ele constatou que a preferência de consumo migrou drasticamente nos últimos anos dos produtos encontrados na natureza, como um singelo pé de alface, uma peça de alcatra e um suco de laranja, para os práticos alimentos embalados – o que ele chama, não sem polêmica, de comida de imitação. Entram nessa categoria lasanhas, tortas e sobremesas prontas, sucos e sopas em pó, nuggets e hambúrgueres que são uma moleza de preparar.
O ponto levantado pelo jornalista é que não sabemos mais ao certo o que estamos colocando da boca para dentro. Porque, para um alimento ou prato prontos durarem bastante na nossa geladeira ou despensa, são adicionados uma série de outros ingredientes que não fazemos a menor idéia do que sejam. Mas o pior mesmo, segundo Pollan, é que muitas doenças adquiridas pelos hábitos alimentares surgiram dessa nova dieta ocidental rápida de preparar, mas com superabundância de calorias e principalmente três perigosos ingredientes: açúcar, sal e gorduras, que nosso corpo tem uma predisposição a gostar e cujos sabores são difíceis de achar na natureza, mas são bastante comuns e abundantes em comidas processadas.
Daí que separar o joio do trigo nas gôndolas dos supermercados ficou uma missão quase impossível. Tanto é que uma pesquisa realizada entre dezembro de 2007 e janeiro de 2008 pelo Instituto de Pesquisas Ipsos mostrou que 49% dos entrevistados brasileiros têm mesmo a maior dificuldade em escolher e identificar alimentos saudáveis.
A boa notícia é que a própria indústria alimentícia começou um movimento para melhorar o perfil nutricional dos seus produtos. Um exemplo é a criação do Programa Minha Escolha, uma iniciativa global de representantes da indústria (que acontece em mais de 50 países, inclusive no Brasil) que estabeleceu critérios em relação às quantidades de quatro nutrientes: gorduras saturadas, gorduras trans, açúcares e o sódio (sal) – que, quando consumidos em excesso, causam doenças como diabetes, obesidade e problemas cardiovasculares, segundo a Organização Mundial de Saúde. Os produtos que têm quantidades controladas desses nutrientes recebem o selinho Minha Escolha em suas embalagens. Outro jeito de maneirar o consumo desses nutrientes em produtos industrializados é dar uma bela olhada no rótulo: os ingredientes aparecem primeiro na ordem de maior quantidade.
Uma tendência importante que está acontecendo em todo o globo é o renascimento da agricultura local e orgânica, que está aí para comprovar que é possível sim voltar a comer comida de verdade sem precisar voltar ao tempo da bisavó ou abandonar o supermercado – e a civilização.
2 Evite pôr no carrinho produtos com ingredientes difíceis de pronunciar
A lista de ingredientes de um produto espichou com a industrialização. Pegue um pão, por exemplo, que tem na sua composição básica farinha, água e sal. Para durar mais e ficar bonito, ter uma cor apetitosa e se manter cheiroso e macio são acrescentados corantes, acidulantes, edulcorantes, emulsificantes e outros “antes”. Qual o problema disso? “Esses componentes, tanto artificiais como naturais, são controlados e não fazem mal à saúde, mas não devem ser ingeridos em excesso”, diz Márcia Paisano Soler, engenheira de alimentos do Ital – Instituto de Tecnologia de Alimentos. “Isso porque a quantidade controlada é para um produto, e não sabemos ao certo as consequências de uma alimentação exageradamente empacotada”, diz Márcia.
O que fazer? A resposta de Michael Pollan: cozinhe sempre que puder. Se não comer em casa, dê preferência a restaurantes que servem comida mais caseira. Talvez isso soe radical, mas você prestará mais atenção nos ingredientes que consome.
3 Elabore uma estratégia para facilitar suas compras
O designer Mauro Minniti é um superespecialista em supermercados. Sabe como poucos as estratégias das lojas para vender mais produtos e as artimanhas que tornam o momento das compras – para muitos a coisa mais maçante do mundo – algo agradável. Ele é sócio da Design Novarejo, empresa focada em design de supermercados. A primeira dica dele é esta: crie o hábito de fazer suas compras sempre nos mesmos lugares (é bom ser mais de um para fazer a comparação de preços entre eles). Vale a pena criar um vínculo com um supermercado, porque você acaba conhecendo os funcionários e pode cobrar a qualidade dos serviços, exigir preços melhores e solicitar informações de produtos. “E o mais importante é que você desenvolve um relacionamento mais humano e menos comercial”, diz Mario. Fora que o hábito faz com que você conheça melhor a disposição dos alimentos nas gôndolas, o que agiliza bastante a hora das compras. Escolhemos o supermercado a que Mario sempre vai perto de sua casa, no bairro de Moema, em São Paulo. Assim que chegamos, ele saca do bolso sua lista de compras com os produtos em falta na despensa e geladeira, bem específica para suas necessidades. Segundo ele, essa é a arma mais importante para agilizar sua ida ao súper e não voltar para casa com mais itens na sacola do que realmente precisa. Durante o percurso, Mauro diz que vale a pena dar preferência aos supermercados que apresentam uma imagem mais simples e aconchegante. Se ela é muito confusa, com bastante propaganda e poluição visual, não está comprometida com o bem-estar do consumidor. Quando já estamos na fila do caixa, surgem as tentações. Mauro explica que os 20% finais de tempo no súper representam o maior perigo, pois são as compras feitas por impulso. Depois que você compra tudo o que necessita, vem o momento do deleite – e aí é bom prestar atenção para não exagerar. Doces, biscoitos e refrigerantes que ficam próximo ao caixa não estão ali por acaso.
4 Prefira sempre os corredores periféricos do supermercado
Você já deve ter reparado que a disposição dos supermercados de um modo geral é bem parecida: os produtos alimentícios industrializados ficam nos corredores centrais da loja, enquanto os alimentos mais frescos – hortifrutigranjeiros, laticínios, carnes e peixes, ficam nas laterais e no fundo. “Se você dedica seu tempo às prateleiras periféricas, está priorizando uma alimentação mais saudável”, afirma a nutricionista Neide Rigo, autora do blog come-se.blogspot.com. Escolher alimentos mais frescos no lugar de semiprontos significa arrumar tempo para prepará-los. De acordo com Neide, é uma questão de organização – e de rever as prioridades. “Tem gente que gasta duas horas na academia, chega em casa e tira o prato pronto do congelador. Mas faz uma diferença razoável na qualidade da sua refeição reservar uma horinha para preparar uma salada, fazer um arrozinho fresco com um peixe grelhado, enfim, a comidinha básica”, diz Neide.
A nutricionista recomenda que se faça uma compra grande do mês no supermercado, para também repor os itens de limpeza e higiene, e compras semanais em mercadinhos do bairro e feiras para as refeições da semana.
5 Evite produtos que aleguem vantagens sensacionalistas para sua saúde
Equipada com um carrinho e uma copilota, fui conduzida pelo supermercado, fazendo pit stops quando avistávamos produtos com os seguintes dizeres nas embalagens: “Enriquecido com ferro”, “Mais cálcio”, “Agora com vitaminas A, D, e E”. Minha acompanhante, a nutricionista Cynthia Antonaccio, explicou que essa é uma tendência recente da indústria de alimentos, a de melhorar seus produtos, adicionando vitaminas e minerais e, em alguns casos, estampar seus benefícios, dizendo que diminui o colesterol ou faz bem para o coração. “De fato, é um movimento bastante positivo, mas você precisa prestar atenção no rótulo. Observe se o produto tem quantidades controladas de açúcar, sal e calorias – porque de nada adianta uma bolacha ter muito açúcar ou gordura, por exemplo, e ser enriquecido com alguma vitamina”, diz Cynthia. Então, o que fazer? Primeiro, suspeite. Depois, olhe a composição do produto e avalie se ele vai para o carrinho.
Passamos pela seção de hortifrútis e damos de cara com uma pilha de tomates. “Alimentos in natura, como vegetais, frutas e grãos, certamente são sempre a melhor opção e em geral dispensam comunicação e rótulos”, diz Cynthia. Não tem nenhuma placa dizendo que o tomate é rico em licopeno, que fortalece o sistema imunológico. O recado é o seguinte: você nem precisa comer alimentos enriquecidos artificialmente se tem uma alimentação naturalmente mais equilibrada, variada e rica.
6 Pague mais, coma menos (e com muito mais prazer)
Na gôndola, uma placa chama a atenção para o preço convidativo de um produto. O precinho é tão camarada que você não resiste e acaba levando logo uns três. Este é objetivo: vender mais. E iguarias produzidas pela indústria em enormes quantidades muitas vezes conseguem ser vendidas mesmo a um preço espetacular. O ponto é que alimentos mais bem cuidados e produzidos de forma menos intensa não conseguem um preço tão competitivo e são normalmente mais caros. Veja o exemplo dos orgânicos, que são produzidos sem pesticidas, em escalas menores, e portanto tem um preço mais salgado. Claro que essa não é uma regra, mas a idéia aqui é trocar a quantidade de alimentos pela qualidade.
Os nutricionistas alertam que uma dieta baseada mais na quantidade do que na qualidade conseguiu produzir pessoas que conseguem ser superalimentadas e subnutridas ao mesmo tempo. É o resultado de uma alimentação rica em calorias e pobre em nutrientes. Para escapar dessa enrascada, a receita é esta: preste atenção na qualidade do alimento e maneire no tamanho do prato.
Uma das populações mais longevas e saudáveis do mundo, o povo de Okinawa, no Japão, pratica um princípio que se chama hara hachi bu: comer até estar 80% saciado. Ou seja, não se empanturrar e fazer algo que os franceses seguem à risca – diminuir o volume do prato, mas nem por isso deixar de ter prazer com a refeição. Saber se você não está passando dos limites é mais simples do que parece. Fique atento aos sentidos durante refeição, em vez de comer distraído ou na frente da TV.
7 Coma como os franceses. Ou os italianos. Ou os japoneses Ou ainda os gregos, os árabes, os indianos.
Quando a alimentação segue uma tradição cultural, tende a ser naturalmente mais saudável. Isso porque foi elaborada levando em conta os produtos locais, mais frescos. Tome como exemplo o Japão, que por décadas teve como ingredientes básicos de sua culinária arroz, vegetais e peixes em abundância, já que o país é uma enorme ilha cercada de mar. Uma alimentação leve que nos últimos anos foi drasticamente alterada com a incorporação de hábitos de consumo ocidentais. Os japoneses passaram a devorar salgadinhos, pratos para microondas e todo tipo de comida embalada. Todos esses produtos, vindos de outros países, abalaram a economia do país no setor – e a saúde da população. A ponto de o governo japonês criar recentemente uma grande campanha que incentiva os japoneses a recuperar os velhos costumes e voltar a saborear os pratos típicos. Tem mais. Dietas tradicionais vêm temperadas com hábitos e rituais ancestrais de consumo, que levam em conta, sobretudo, comer com fruição, sentar ao redor da mesa e partilhar com familiares e amigos uma refeição. Já a alimentação ocidental industrializada perde em todos esses quesitos. O que predomina é a comida barata, rápida e fácil de ser feita. E já vimos que para comer bem é importante investir mais tempo, esforço e recursos. “Se a dieta ocidental se preocupa com a praticidade e o shelf life, o tempo de vida do alimento, para ele durar mais na despensa, eu estou mais preocupada com o meu tempo de vida”, diz Cenia Salles, líder do Movimento Slow Food de São Paulo. Uma alimentação, esta sim, longa vida.

sábado, 11 de setembro de 2010

Pensar é transgredir...

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos... para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo!
Então é isso, então é assim...Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece.
Porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar... isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência.. isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui.
Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante... "Parar pra pensar, nem pensar!"
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tv ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.
Sem ter programado, a gente pára pra pensar.
Pode ser um susto... como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha... muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar... reavaliar-se.
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.
Somos demasiado frívolos!
Buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar... quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho. É sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender... somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.
Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.
Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.Viver, como talvez morrer, é recriar-se.
A vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Parece fácil... "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.
Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado... e amar... e amar-se. Ter esperança... qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez.
Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar... porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.




(...) A vida há de nos cobrar duramente por considerarmos pecado o amor que não enquadra em nossa visão mesquinha; por querermos medir comportamentos segundo nossos padrões poucos generosos; por querermos prender, humilhar, podar todo o relacionamento e dos nossos farisaicos valores.
Porque o amor, do jeito que pode ser, é o caminho da liberdade e da grandeza – é a nossa única possibilidade de salvação.

Trecho do livro Pensar é Transgredir de Lya Luft

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Ser Conciso

O mundo é cheio de conselheiros, de ciganas, de agouros, de sábios e de deuses.
Sempre alguém quererá fazer de ti um molde repetido
Sempre alguém terá a verdade à mão
Sempre alguém tentará vender um Formulário Infalível
um Caminho Certo
um remédio contra caspa
mas o melhor de tudo é comer pipoca
na arquibancada do Circo Real Madri
de lonas remendadas
que se instalou na esquina.
O resto é contigo.



Este é o labirinto, o espelho é este.
Ficarei aqui
nesta lua cheia
tocando flauta
à espera de que chegues onde estou
e me ensines o resto

Cristovão Tezza in Trapo

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Parceria !!!


Para que serve um amigo?

Para rachar a gasolina, emprestar a prancha, recomendar um disco, dar carona pra festa, passar cola, caminhar no shopping, segurar a barra. Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.
Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu último livro, "A Identidade", que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos.
Verdade verdadeira. Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo construído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão. Veremos.
Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos.
Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta.



Um amigo não recomenda apenas um disco.
Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país.Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu.
Um amigo não passa apenas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o reveillon.
Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado.
Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador.


Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um, amém.

(Martha Medeiros - 12 de abril de 1999)









segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ainda no Maranhão

... E eu dancei reggae nas praias do Maranhão. Assim que pus meus pés descalços na areia quente lembrei de você ...
O sol estava se pondo, proporcionando um espetáculo incrível de cores, fiquei muito tempo dançando, me transformando em pequenas particulas de som.
E tive a impressão de que estava ali, sentindo, admirando e fluindo comigo naquele momento mágico, colorido e sonoro...
E então chegou a noite, aconchegante, quente, confortável... e me fez dormir na rede...
E quando eu acordei o mundo inteiro estava azul...
Saudades.
Demais.


Acontecem coisas estranhas quando estou num espaço muito amplo. Uma vontade de voar, parece que bastaria abrir os braços para fundir-me com o céu. Ao mesmo tempo, dá vontade também de ficar na terra, e viver, viver muito, com todas as miudezas do cotidiano. Impressão de ser maior que tudo, sensação de força, certeza de vitória, vitória tão certa e fácil como a coisas da natureza que se mostram ali. E também uma grande humildade, consciência de ser ínfimo em relação ao azul-azul do céu, ao azul-em-cor do rio. Procuro palavra para definir o que sinto e não encontro. Talvez elas nem sequer existam, talvez seja apenas um fluxo mais forte de vida abrindo os sentidos, embrutecendo o raciocínio.

Caio Fernando Abreu in Limite Branco

domingo, 5 de setembro de 2010

Sobre São Luis do Maranhão...

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


De Primeiros cantos (1847)

Gonçalves Dias



A vista para a Baía de São Marcos é o que mais impressiona quem passa pela Praça Gonçalves Dias, em São Luís. Foi inaugurada em 1973 com o nome do famoso poeta maranhense, que também ganhou em sua homenagem um monumento bem no centro da praça. Por atrair casais apaixonados que visitam o local para apreciar a magnífica vista do pôr-do-sol, a praça também é conhecida como Largo dos Amores e Largo dos Remédios, por causa da igreja situada em frente. Aliás, a Praça Gonçalves Dias só foi construída por causa da Igreja Nossa Senhora dos Remédios, protetora do Comércio e da Navegação, que foi a primeiro edifício naquela região de São Luís. Desde 1955, a Praça Gonçalves Dias é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. vista para a Baía de São Marcos é o que mais impressiona quem passa pela Praça Gonçalves Dias, em São Luís. Foi inaugurada em 1973 com o nome do famoso poeta maranhense, que também ganhou em sua homenagem um monumento bem no centro da praça. Por atrair casais apaixonados que visitam o local para apreciar a magnífica vista do pôr-do-sol, a praça também é conhecida como Largo dos Amores e Largo dos Remédios, por causa da igreja situada em frente. Aliás, a Praça Gonçalves Dias só foi construída por causa da Igreja Nossa Senhora dos Remédios, protetora do Comércio e da Navegação, que foi a primeiro edifício naquela região de São Luís. Desde 1955, a Praça Gonçalves Dias é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Acontece



Dias 10 e 11 de Setembro - Sex e Sab - Salão de Atos do Parque Barigui com início Sexta às 19 horas

Tema do Congresso: Educação da Mente

Participação: Prof. Hermógenes, Thiago Leão, Liliane Sabbag, Sonia Lyra, Marcos Elias (Mahamuni Das), Dr. Elisa Kozasa, Monge Kendo, Roldano Giuntoli e Irmão Vitor.

Organização: Ciência MeditativaEntidades apoiadoras: Prefeitura Municipal de Curitiba, Programa Comunidade Escola, Associação Hermógenes de Yogaterapia e Saúde Plena, Espaço Hermógenes de Curitiba, Instituto Ichtys, Comunidade Zen Budista de Curitiba, Grupo Paz a Cada Passo de Thich Nhat Hanh, Instituto Ciência e Fé e Comunidade Mundial de Meditação Cristã.

Investimento: R$80 até Julho, R$100 até Agosto e R$125 até Setembro(Pagamentos em Julho e Agosto poderão ser feitos em 2 cheques)O pagamento pode ser feito na conta do Ciência Meditativa, que fica no Banco Itaú (ag. 1568 conta 07983-2 cnpj 05.725.549/0001-67), mas por favor, envie os dados do depósito por e-mail assim que efetuar o mesmo para evitar confusões.

Entre em contato para saber mais com contato@cienciameditativa.com ou F. 41-3242-6699

domingo, 29 de agosto de 2010

Seu dia vai chegar


A vida é mesmo incrível e imperdível! Os opostos e aparentemente contraditórios contêm em si sabedoria e verdade. Afirmo isso pensando justamente em dois ditados que, embora gramaticalmente se anulem, na prática do viver servem para nos mostrar o quanto é imprescindível apreender cada instante para que, enfim, o grande dia chegue!
“Quem procura, acha!” e “Pare de procurar, e encontrará!”
É bem possível que essas duas sugestões já tenham funcionado com você. Mas também é muito provável que você se questione recorrentemente sobre como saber quando continuar procurando e quando parar de procurar?
A questão é que queremos certezas, e é bom partirmos da premissa de que certezas não combinam com vida, sucesso, realização, desejo, felicidade, amor ou qualquer uma dessas essencialidades humanas. Nesses casos, nesses tão extasiantes casos, haveremos de arriscar e apostar toda a imponderável imperfeição de uma alma em evolução, em todos os níveis - porque é o que temos, ou melhor, é o que somos!
Portanto, esteja você em busca de uma nova carreira, de um grande amor, de mais rendimentos financeiros, de um sentido maior para sua existência ou de um outro ritmo para tudo o que já existe, siga o fluxo, feito persistente e sábio rio, que confia e simplesmente se deixa levar até o lugar onde há de se tornar gigante.
Além de tornar o processo muito mais criativo e produtivo, você reconhecerá, a partir de escolhas cada vez mais íntegras e conscientes, que sabe bem menos do que supõe e, ainda assim, está bem mais perto do que acredita, especialmente quando consegue transformar a angústia da espera em conforto: o exercício de viver o que há para ser vivido e só.
E por tão belamente ter me permitido essa constatação – ainda que com medo de não conseguir – afirmo e exclamo: seu dia vai chegar! Mas não pense que de um nada que você faça, nem tampouco de um desespero com que possa vir a fazer. Sobretudo desvendando a direção, dia após dia, com cada um de seus tropeços e com cada arranhão decorrente de suas tão particulares e secretas quedas.
Porque este é o mapa, o indicador do caminho, a seta que lhe conduzirá ao que tanto você deseja, esteja à procura ou à espera, mas sempre, sempre, considerando que cada dia é parte indispensável e intransferível de sua chegada!
E fico torcendo para que você se sinta como eu me sinto – radiante! E que seja, por fim, como tão delicada e encantadoramente escreveu Eça de Queiroz:
“(...) sentia um acréscimo de estima por si mesma,e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante,onde cada hora tinha o seu encanto diferente,cada passo conduzia a um êxtase,e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!”

Rosana Braga

sábado, 28 de agosto de 2010

Embriague-se

Charles Baudelaire, tradução Jorge Pontual
Enivrez-vous
Il faut être toujours ivre. Tout est là: c'est l'unique question. Pour ne pas sentir l'horrible fardeau du Temps qui brise vos épaules et vous penche vers la terre, il faut vous enivrer sans trêve.
Mais de quoi? De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise. Mais enivrez-vous.
Et si quelquefois, sur les marches d'un palais, sur l'herbe verte d'un fossé, dans la solitude morne de votre chambre, vous vous réveillez, l'ivresse déjà diminuée ou disparue, demandez au vent, à la vague, à l'étoile, à l'oiseau, à l'horloge, à tout ce qui fuit, à tout ce qui gémit, à tout ce qui roule, à tout ce qui chante, à tout ce qui parle, demandez quelle heure il est et le vent, la vague, l'étoile, l'oiseau, l'horloge, vous répondront: "Il est l'heure de s'enivrer! Pour n'être pas les esclaves martyrisés du Temps, enivrez-vous; enivrez-vous sans cesse! De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise."
Embriague-se
É preciso estar sempre embriagado. Isso é tudo: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão.
Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser. Mas embriague-se.E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão: "É hora de embriagar-se! Para não ser o escravo mártir do Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser".

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Pratique a Paz !!!


O Projeto Não-Violência® é uma Organização Não Governamental Internacional (ONG) que atua com a missão de 'desenvolver e fortalecer uma cultura de não-violência por intermédio das escolas'. O PNV promove ações de caráter educativo e preventivo em escolas da rede pública de ensino desde 1998.

Pratique a Paz!
Em tempos de violência praticar a paz parece ser um sonho inalcançável. As palavras para construirmos um mundo mais pacífico parecem ser usadas tão somente para minimizar a indignação que nos habita. Famílias incendiadas dentro dos seus carros, crianças arrastadas por quilômetros em assaltos, jovens espancados pela polícia, que deveria protegê-los e não submetê-los à violência, e por aí vai. A lista de eventos violentos que passeiam pela mídia todos os dias parece não ter fim. E aí nos perguntamos: como praticar a paz num mundo como esse? Adquirimos a sensação de que as pequenas ações não são minimamente suficientes para dar conta da violência que desfila diante de nossos olhos.É certo que fazer de nosso país um lugar de solidariedade, respeito e tolerância demanda uma ação política séria e inclusiva. Inclusiva? Sim, quanto mais inclusão houver em nossa sociedade menos violência teremos. Os estudos sobre o tema não se cansam de demonstrar isso, embora continuemos a ignorá-los. Diante de situações violentas, o medo que nos invade é tão grande que só queremos nos livrar daqueles indivíduos que julgamos - na grande maioria das vezes, pautados pelos nossos preconceitos - serem potencialmente perigosos. E ao invés de termos resultados satisfatórios na redução da violência, ela aumenta cada dia mais. Então, aí vai uma dica: o primeiro passo para praticar a paz e entender como ela se constrói e isso implica em compreender também que fatores podem causar a violência.Compreender o par "paz-violência" já é uma forma de nós cidadãos fazermos algo por um mundo mais pacífico, pois quando entendemos mais sobre o assunto, vemos que ao contrário do que pensamos, somos diretamente responsáveis pela realidade que nos rodeia e mudá-la, depende da vontade política, mas depende também de nossas ações, de nossas posições, de nosso comportamento ético. Gandhi dizia: "não há caminho para a paz, a paz é o caminho". Ou seja, não adianta ficarmos sonhando com o dia em que o mundo será mais pacífico, pois para que o mundo seja um lugar pacífico, temos que praticar a paz na sociedade em que vivemos.Mas será que para praticar a paz basta não fazermos o mal, basta não matarmos, não roubarmos, não brigarmos? Não, isso não basta para que vivamos tempos pacíficos. Para ampliar nosso rol de boas e eternas frases, Martin Luther King nos provoca quando disse: "Não é a violência de poucos que me assusta, mas o silêncio de muitos". Desta forma, não basta não fazer o mal, temos que fazer o bem! Ser omissos nos distancia da paz. E isso nos concerne, não só aos nossos representantes. Praticar a paz tem a ver com uma postura extremamente ativa de não se omitir, de buscar situações democráticas, de militar contra a violência, seja ela de qualquer tipo: contra crianças, contra mulheres, contra animais, contra etnias, culturas, classes sociais. É ser exemplo na suas atitudes. É realmente contribuir para um mundo melhor.Para isso não é necessário ser político, podemos praticar a paz no nosso dia-a-dia, quando revemos nossos preconceitos, quando deixamos de nos omitir diante de uma situação de julgamos errada, quando nos esmeramos para minimizar os mal entendidos, quando não deixamos as brigas se prolongarem só para não ser o primeiro a dar o braço a torcer, quando esperamos a raiva passar para falar coisas que não nos arrependeremos mais tarde, quando buscamos o diálogo ao invés das brigas e da violência física.Praticar a paz inclui também buscar situações democráticas, combater a violência, seja ela contra crianças, mulheres, animais, etnias, culturas ou classes sociais. É ser exemplo em suas atitudes.E isso á fácil? De modo algum! Não somos santos e certamente continuaremos a ser humanos, com nossas fraquezas e deslizes. Nem sempre conseguiremos fazer todas as coisas que falamos até aqui, mas não podemos esquecer que isso é um ideal que devemos cultivar e adotar como modelo. Desta forma, para praticar a paz é necessário que a vivenciemos todos os dias em pensamentos e ações, isso é o que nos faz humanos. A paz não é só um discurso e um percurso!
Joyce K. Pescarolo Psicóloga Equipe operacional PNV http://www.naoviolencia.org.br